segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Em busca do remédio inteligente

JORNAL A RAZÃO

Um medicamento que reduza os desagradáveis efeitos colaterais dos atuais tratamentos contra a Aids e o câncer. Esse é o principal objetivo de pesquisa envolvendo nanocompostos que está sendo desenvolvida na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC). Dentro de dez anos, se tudo der certo, os pesquisadores acreditam que o resultado poderá estar nas farmácias: nanomedicamentos que atacam somente onde há doença e não nas partes sadias das pessoas que tratam câncer e Aids.

Pelo menos, esta é a expectativa do coordenador da pesquisa – que acontece no Laboratório do curso de Química da UFSM (o LabSelen-NanoBio) – o professor pós-doutor Oscar Endrigo Dorneles Rodrigues. “Estamos indo para a fase de testes in vitro e dentro de seis meses a um ano teremos os resultados da efetividade do remédio. Para se tornar um medicamento o caminho é longo: além das pesquisas e testes, é preciso que venham os recursos – que não são poucos. Dentro de dez anos, se tudo correr certo, poderemos ter nanomedicamentos para o tratamento da Aids nas farmácias”, afirmou o professor Rodrigues.

Ele conta com uma equipe formada por dois doutorandos (Diego de Souza, da Bioquímica Toxicológica, e Letiere Soares, da Química) e cerca de 18 alunos de graduação em áreas da Química, Farmácia, Física, entre outras relacionadas. O grupo trabalha na funcionalização e preparação de moléculas com atividade biológica e sua conjugação com nanoestruturas para a criação de um composto mais efetivo. O objetivo é desenvolver um nanocomposto que atue na enzima transcriptase reversa, pois é através dela que o HIV entra no organismo.

“Estamos desenvolvendo nanoestruturas que carregarão os compostos que atuam contra as doenças, buscando as vantagens destes sistemas como a maior biodisponibilidade, a menor toxicidade, a liberação seletiva (ou seja, o composto atinge apenas o alvo terapêutico) e direcionamento. Com isso, teríamos uma droga inteligente que atingiria um local específico de ação possibilitando menos efeitos tóxicos no organismo e dando melhor qualidade de vida às pessoas. Os compostos usados hoje no tratamento de Aids e câncer, atingem não só os locais doentes, mas também os saudáveis e apresentam efeitos colaterais, o que não aconteceria com os nanocompostos”, explicou o professor Rodrigues.

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